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sexta-feira, 2 de maio de 2008

Que país é este?

“Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado.
Ninguém respeita a Constituição...”
“Que país é este?” – Legião Urbana – Renato Russo


Domingo, 27 de abril de 2008. Acordo de manhã e quando passo por um banca de jornais resolvo parar para olhar as manchetes dos jornais e constatar com tristeza o que já sabia. Pior ainda, ver que apesar de tantos esforços e das provas comprovadas, o mar de lama ainda continuará por um bom tempo em nossa cidade.
Depois de ver os jornais a única coisa que me vem à mente são os versos de Renato Russo na música “Que país é este?” e eu me vejo perguntando exatamente isso.
Que país é este, que permite políticos inescrupulosos e corruptos voltarem ao poder, mesmo com todas as evidências e provas dos seus crimes, enquanto outrora, pelos mesmos crimes, um ex-presidente foi posto para fora do Palácio do Planalto?
Que país é este, que faz de tudo para condenar um casal pelo assassinato de uma menina, e permite que políticos sejam soltos pela justiça?
Que país é este, que pais, professores, religiosos ensinam seus filhos que roubar é um pecado, e um crime como mostra as leis deste país, e a justiça deixa a solta quem surrupia o dinheiro público?
Que povo é este que diante de dois veículos de comunicação impressos e emissoras de rádio, que noticiam e publicam todos os dias os crimes de um homem público que abandona seus afazeres um bando de gente ainda acredita nas palavras da demagogia barata do Papai Noel?
Que povo é este, que tem tudo nas mãos para colocar para fora gente corrupta que usurpa o poder e se mostram cínicos diante da massa?
Que povo é este que tendo o poder nas mãos ainda põe para dentro da prefeitura uma massa de gente esnobe e falida que usa o dinheiro público em benefício próprio, para comprar carros luxuosos, enquanto milhares de pessoas ficam ao desabrigo diante de uma tempestade ou quando o Paraíba transborda?
É triste ver tudo isso, e mais triste ainda perceber que pelo retrovisor da história estamos vivendo momentos como os vividos por Benta Pereira diante dos Assecas que mandavam e desmandavam nessa planície, deixando o povo a mercê de suas leis e das suas vontades. Certamente somente os estudiosos conseguirão perceber que o momento vivido pela heroína campista é semelhante ao momento atual, porquanto os homens que deveriam zelar pelos direitos dos cidadãos se corrompem diante de uma mega construção.
As provas da corrupção estão espalhadas pela cidade, só não vê quem não quer. E é uma pena que o presidente do STJ perdeu a grande chance da vida, de resolver de uma vez por todas com esse impasse que impera em Campos dos Goytacazes, cidade na qual o ex-presidente Getúlio Vargas teria dito que “é o espelho do Brasil”. Mas que hoje posso dizer justamente o contrário, que Brasília “é cafezinho de botequim” diante do mar de lama que transborda nessa cidade.
Já não espero mais nada da Justiça. Já não espero mais nada dos homens públicos porque eles não tem compromisso moral com ninguém, apenas com os seus bolsos, e a excrescência de suas vaidades pessoais.
Não acredito que os “homens” tenham aprendido a lição e conheçam a Constituição de cor e salteado, quanto mais às leis que regem esse país, para permitir tais desatinos.
Mas uma coisa não sai de minha mente e é a única coisa em que acredito, que pela moralidade da coisa pública, e diante de todas as evidências, e todos os crimes, o melhor remédio para que Campos volte aos trilhos da “ordem e do progresso”, seria uma intervenção federal de pelo menos 50 anos, para acabar de uma vez com os vermes que infestam essa cidade.
* O autor é Bacharel em Comunicação com especialização em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia de Campos.

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