.

terça-feira, 8 de abril de 2008

“Nada é de graça, por acaso, mas por trás de uma boa ação, há uma segunda intenção”

Depois de assistir ao filme “Quanto vale ou é por quilo”, de Sérgio Bianchi, lembrei das aulas e dos debates em sala de aula do professor Orávio de Campos Soares, sobre a questão da simulação e dos simulacros. E de repente tudo ficou tão claro, que a sensação que tive foi a mesma de quando saí do cinema depois de ter assistido a “O Dia Seguinte”, que mostrava os horrores de uma terceira guerra nuclear.
O filme ao longo de sua transmissão me deixa chocado, e ao final o pasmo vem à tona, e só então percebo que todas as minhas desconfianças sobre alguns projetos sociais famosos e mostrados em rede de tv nacional, se tornam mais fortes. Nunca acreditei que crianças de um lugar tão distante de um grande centro como o Rio de Janeiro ou São Paulo, saísse dos cofres do Unicef para subsidiar projetos sociais em cidades tão distantes como o interior de uma cidadezinha do Nordeste, que ninguém consegue encontrar no mapa. Será que alguém é capaz de mostrar-me ou dizer-me o nome de uma só cidade do interior de Pernambuco, ou Piauí, Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Acre, Rondônia, ou Roraima? Creio que somente depois de algumas horas, um gaiato iria se atrever a mostrar-me uma cidade. Mas e daí? O que tem isso a ver com o título desse artigo? É que simplesmente não dá para acreditar em tudo o que vejo, e tenho comigo um pouco de São Tomé, também. Só vendo para crer com os meus próprios olhos que o Unicef vai lá no final do mundo, levar alguma coisa de boa para um grupo de crianças que nunca viu uma televisão na vida, não possui água potável, sistema de saneamento e esgoto em sua residência e muito menos energia elétrica.
E depois também diante de tantos escândalos fica a pergunta: e alguém que cria um projeto social é honesto suficientemente para não enxergar uma maneira de ganhar dinheiro às custas da desgraça alheia? Creio que a resposta é negativa, porque os governantes que elegemos fazem de tudo para tirar um pedaço maior da fatia do bolo do dinheiro público disponível para tais projetos.
Desse modo o dinheiro quando chega – se é que chega -, lá para a entidade já foi todo roído por “ratos”, “gatunos” e “ladrões”, que utilizam notas frias e o superfaturamento de preços como forma de surrupiar e desviar dinheiro público, porque é assim que eles chamam os seus atos, enquanto quem utiliza uma arma de fogo para arrancar de outrem o que lhes pertence, é considerado roubo.
Diante dos fatos, fica difícil imaginar que esse país terá um futuro diferente, e que a moralização do dinheiro público esteja chegando, até porque as pessoas se esquecem que os primeiros homens brancos que pisaram esse solo eram justamente os piores malfeitores de Portugal. Ladrões, falsificadores, estelionatários, bandidos, etc, etc.
Por isso não creio em moralização da coisa pública, e acho que o país ainda está muito longe de mudar os seus conceitos do que é ético e moral, porque a cada dia que passa, a boca de quem tem fome de dinheiro está maior do que a bocarra do Leão do Imposto de Renda. E tenho dito.

* O autor é Bacharel em Comunicação Social com especialização em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia de Campos.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home