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quinta-feira, 27 de março de 2008

O IPHAN e seus paradoxos

Entrada do Asilo Nossa Senhora do Carmo


Ao iniciar as minhas atividades no controle-mestre da Unitv no último sábado (22), e ligar um dos aparelhos de televisão, me deparo com uma matéria veiculada no programa Via Legal número 289, que chama a minha atenção. A reportagem mostra uma rua inteira de Olinda-PE, que foi tombada pelo Iphan e é considerada como Patrimônio Histórico da Humanidade. Depois que um guia turístico relata porque a cidade possui esse nome, o repórter mostra a casa situada na rua Prudente de Moraes, 340 onde o artista plástico, Pedro Ernesto de Alencar reside há seis anos, e ao adquirir o imóvel resolveu fazer por conta própria uns reparos na residência, mas todos eles internamente, modificando apenas o telhado do imóvel, e mantendo toda a estrutura interna intacta ou com algumas melhorias que passam despercebidas aos olhos de quem vê o imóvel pela primeira vez.
Entretanto, a reportagem conta que o artista foi processado pelo Iphan, porque não poderia ter feito as reformas ao seu bel-prazer, e muito menos ter descaracterizado o imóvel em questão, já que cabia tão somente a este órgão o direito de dizer se podia ou não fazer reparos.
No entanto, em outro ponto dessa mesma matéria, o repórter mostra que o sobrado onde reside o arquiteto Ivaldevan Calheiros há 37 anos, teve o aval do Iphan para que ele fizesse as reformas necessárias ao prédio.
Para o autor do plano de preservação dos sítios históricos da região metropolitana do Recife, o arquiteto Geraldo Gomes “o tombamento, seja ele de um edifício individualmente ou de um conjunto, é uma figura jurídica que limita não o direito da propriedade, mas o uso da propriedade. Você não pode fazer o que bem entende com um bem tombado”.
Coincidência ou não, no site do programa há uma notícia publicada no dia 6 de setembro de 2007, com o título de “Imóvel e idosos sob risco em Vassouras”, relata que a Procuradoria Federal do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional solicitou ao Departamento de Polícia Federal de Nova Iguaçu, a abertura de um inquérito policial por conta das obras irregulares realizadas no Asilo Barão do Amparo, localizado na Rua Luiz Pinheiro Werneck, 64, Centro, Vassouras-RJ. Só que essa mesma notícia informa que o Escritório Técnico do Iphan em Vassouras, relata que “a instituição vinha fazendo gestões junto à Santa Casa com o intuito de realizar obras emergenciais no imóvel, bem como o de coibir obras sem autorização prévia do Instituto”. A mesma nota publica que “o Iphan chegou a realizar o escoramento necessário, apesar de esta ser uma atribuição do proprietário”.
Ao olhar para trás e ver a situação do Asilo do Carmo, que também passa por esse mesmo problema, fica a dúvida sobre os paradoxos criados pelo Iphan, que num momento condena qualquer obra ou reparo feito pelo proprietário do imóvel, e em outro momento, alega que os reparos são de inteira responsabilidade do proprietário do imóvel. Portanto resta tão somente ao órgão dar uma resposta plausível sobre qual das duas medidas o Asilo do Carmo deverá tomar, já que as toras de madeira que revestem o piso do andar superior de uma das alas do imenso casarão já estão completamente destruídas pelos cupins. A empresa que havia ganho a licitação para dedetização e manutenção desse piso cuja sede ficava localizada na cidade do Rio de Janeiro, simplesmente fechou suas portas e desapareceu e antigo responsável pelo Iphan na região, vivia numa luta de quebra de braço com a instituição alegando mil defeitos, mas não colocava os diretores da instituição à par de uma medida justa para a manutenção do casarão e da instituição asilar, que atualmente está toda ela localizada no anexo construído na parte de trás do casarão.
E finalmente, para onde serão levados os idosos da instituição? Já que a prefeitura municipal de Campos, com todos os royalties ganhos pela extração do petróleo em sua bacia, até hoje não deu o ar da graça e se colocou à disposição da instituição para resolver esse impasse?
Resta ainda um fio de esperança. Que Nossa Senhora do Carmo, derrame fios de luz na mente e na cabeça de algumas pessoas para que elas tenham um pouco mais de compaixão pelos idosos, funcionários e diretores dessa instituição centenária que vive lutando há décadas contra os desmandos do Iphan, para que os nossos idosos possam ter um final de vida bem menos sofrido.
* O autor é Bacharel em Comunicação Social, com especialização em Jornalismo, pela Faculdade de Filosofia de Campos.

quinta-feira, 20 de março de 2008

As mudanças que o BBB tem feito na vida do brasileiro.

Semana dessas quando estavam frente à frente no paredão Marcelo e Rafinha, e o Bial anunciou que a votação já ultrapassava a casa dos 44 milhões de votos, comecei a questionar o que leva um terço da população a assistir ao BBB e torcer para que um dos confinados depois de 14 semanas leve um milhão de reais?
Acredito que a resposta mais lógica é o fato de que a programação das emissoras de televisão esteja tão pobre de atrações, que o telespectador fica mesmo esperando a hora de ver pessoas comuns aprisionadas em uma bela mansão a atuar como artistas sem papel, sem coreografia, sem cortes de edição, ou a interferência de alguém a escrever o que eles irão dizer, e vê-los atuando seus papéis com um desempenho que vai do regular ao muito bom.
Curioso é notar que já são oito BBB´s e os escolhidos ainda não perceberam que a função deles é indicar algum dos confinados para o paredão e cabe ao público de casa ou internauta a função de escolher o queridinho que ficará na casa por mais uma semana, enquanto o outro deixa de concorrer ao prêmio máximo de um milhão de reais.
Confesso que no começo do programa, e isso há alguns anos atrás eu achava a maior bobagem ver as pessoas ali confinadas, conversando, dialogando, participando de festas, se embebedando, discutindo relações, tendo casos amorosos de ocasião, e torcendo para que um deles saia da casa em beneficio de outros. Entretanto, com o passar do tempo, aproveitei para averiguar melhor a minha posição e ver através das atitudes dos confinados como eles vivem essa relação às vezes tempestuosa ou de “jogo de cintura”, tendo que driblar habilmente alguns confinados e evitar dissabores lá dentro. Até porque a vida aqui fora também é um jogo, onde você não leva ninguém para o paredão mas acaba desperdiçando chances ou amizades através de atos e atitudes impensadas.
É claro que em relação ao paredão citado acima, torci muito para que o confinado Rafinha continuasse no jogo, porque as atitudes do Marcelo estavam me desagradando, e queria acreditar que ele também estivesse irritando o Brasil de uma maneira geral. Porque não é comum a uma pessoa que mal entra na casa confiar ou contar um segredo como aquele a uma pessoa e fazer desse segredo uma arma para que sensibilizar o público brasileiro, ao dizer que ele era gay.
Não tenho nada contra os GLS, já que é uma opção sexual que só lhes diz respeito no entanto ao final do programa pude perceber que o brasileiro é um poço paradoxal ao votar de forma tão diferente em relação a outros confinados. Se desejam ver um exemplo posso citar a Bianca, que por ter um modo de vida completamente diferente, foi vítima de um paredão anterior enquanto o Marcelo foi caindo no gosto do público, portanto eis aqui um paradoxo.
Mas finalmente, o público começou a reagir de forma mais centrada em atitudes e deu ao Rafinha condições para que ele continuasse na disputa, creio que essa votação como a do Alemão no BBB7, mostram que o brasileiro está amadurecendo mais em relação ao que se passa diante dos olhos, e desejo crer que nas próximas eleições muitas mudanças possam ocorrer, como o fim de velhos conhecidos da política nacional, que já estão desgastados por esse mar de lama que vem sendo despejado pelos noticiários dos telejornais nacionais.
O brasileiro é pacífico, ordeiro, reto e deseja tão somente transparência, honestidade e justiça, e que todo esse conjunto de fatores sejam essenciais para mudanças no cenário político nacional, estadual e municipal. Já que a corrupção que assola o país em todas as esferas tem desgastado e deixado à população a míngua de benefícios e melhorias da qualidade de vida. Porque um homem público que se preza não deveria estar preocupado com esquemas de corrupção, mas sim com o bem-estar da população, e o que vemos hoje em dia, são notícias tristes sobre uma possível epidemia de dengue em algumas regiões brasileiras notadamente, no município de Campos, e cidade do Rio de Janeiro.

* O autor é Bacharel em Comunicação Social com especialização em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia de Campos.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Qual o papel da imprensa e da liberdade de expressão em um país democrático?

Essa pergunta é sempre feita aos formandos de todas as faculdades de Comunicação Social, do interior do país, e questiona-se justamente qual será o papel do jornalista diante de situações completamente heterogêneas e conflitantes, já que a imprensa por algumas décadas ostentou o título de “quarto poder”, por estar sempre fiscalizando as ações dos três poderes devidamente constituídos.
Entretanto, o que se vê por aí, é que as pessoas que ocupam cargos no executivo nem sempre vêem o jornalista que não faz parte do seu círculo de amizades como um profissional habilitado a cumprir determinadas tarefas cotidianas com zelo e dedicação profissional, e quando notam que alguém lhes incomoda arranjam um jeito de corrompê-lo comprando as suas idéias e seus dogmas.
Só que os executivos, se esquecem que o papel fundamental do jornalista é justamente o de estar vigilante a tudo o que acontece à sua volta e também o de informar à população o que está acontecendo em sua cidade, ou por detrás dos panos dos conchavos e tratados políticos.
Ao concluir o curso de jornalismo, e fazer o meu juramento profissional, resolvi adicionar ao juramento proferido diante da mesa do Reitor um outro texto cujo conteúdo é muito mais profundo e valeria para o jornalista assim como o juramento do médico. Trata-se das palavras de Hipólito da Costa, eminente jornalista brasileiro que em 1808, já lutava contra a Corte Imperial, mostrando que o papel do jornalista era o de mostrar as atitudes nem sempre bem vindas de secretários e súditos reais, que sempre arranjavam um jeito de burlar o fisco e com isso surrupiar alguns tostões para os seus bolsos.
Hipólito disse que “o primeiro dever do homem em sociedade é ser útil aos membros dela; e cada um deve, segundo as suas forças físicas e morais, administrar, em benefício da mesma, os conhecimentos ou talentos que a natureza, a arte ou a educação lhe prestou. O indivíduo que abrange o bem geral de uma sociedade vem a ser o membro mais distinto dela: as luzes que ele espalha tiram das trevas ou da ilusão aqueles que a ignorância precipitou no labirinto da apatia, da inépcia e do engano. Ninguém mais útil, pois, do que aquele que se destina a mostrar, com evidência, os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro”.
Desse modo compreendemos que o papel do jornalista é o de fuçar todos os acontecimentos, mas também o de clarear a mente dos seus leitores mostrando que nem sempre o que lhe passa à frente dos olhos é uma verdade absoluta ou inconteste.
Tomemos como exemplo o que hora está acontecendo em Campos dos Goytacazes, com a Operação Telhado de Vidro, feita pela Polícia Federal. Por anos a fio, jornalistas e políticos adversários do grupo preso esta semana, mostraram comprovadamente que na prefeitura havia um fortíssimo esquema de desvio de verbas públicas. Não me lembro de ter ouvido falar disso na época em que Campos mal sonhava com os royalties do petróleo, como foi com Zezé Barbosa, Rockfeller Felisberto de Lima, Raul David Linhares, e outros ex-prefeitos das décadas de 70, cuja lembrança não me vêm à memória.
O papel da imprensa é esse, mostrar os fatos, clarear as idéias, e é o povo quem deve escolher o que melhor lhe convier. Porque 118 anos depois de Hipólito da Costa, um dos brasileiros mais ilustres desse país, Ruy Barbosa já dizia e concluía o pensamento de Hipólito ao declarar em um discurso na Bahia que “a imprensa é a vista da Nação. (...) por ela é que a Nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe mal fazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que a ameaça”. Porque como ele mesmo explica em outro trecho, “(...) um país de imprensa degenerada ou degenerescente é, portanto, um país cego e um país miasmado. Um país de idéias falsas e sentimentos pervertidos, um país, que, explorado na sua consciência, não poderá lutar com os vícios, que lhe exploram as instituições”.
Curioso, que em algumas cidades, o poder executivo acredita que detém todas as formas de poder, e utiliza esse mesmo poder como forma de coação e coerção. Não será com violência, ou com o recolhimento de jornais adversos que conseguirá calar a boca ou as idéias dos jornalistas. Lembro perfeitamente, quando Joaquim José da Silva Xavier, foi condenado à morte, e teve o direito de dizer a última frase. Ele teria dito que o corpo morreria, mas as idéias ficariam, porque elas já estariam semeadas na cabeça de todos aqueles que compreendiam que já não era mais possível viver em um Brasil Colônia, mas que esse mesmo país tinha tudo para se tornar independente e livre.
A popularidade de um homem só se manifesta quando este utiliza todos os meios adversos ou não, para construir um futuro melhor para a sua sociedade. Não será utilizando à força, que irá construir uma nova sociedade, porque o povo por mais simples, humilde e inocente muitas vezes consegue enxergar as coisas por outro prisma, e terá no voto a sua arma, e o seu meio de defesa para coibir à prática devassa daqueles que o oprimem.
O que vejo, atualmente, é que muitas vezes os puxa-sacos que vivem lambendo o chão de quem detém o poder, um dia serão os primeiros a virar as costas quando já não houver mais subsídios ou verbas publicitárias para eles.
Curioso é que enquanto os jornais que utilizam ips-letter, os releases fornecidos pelo poder Executivo, possuem mais valor, os outros que procuram criar mecanismos próprios de oferecer à sociedade mais cultura e informação à custa do esforço empresarial, dando oportunidades para diminuir as desigualdades sociais e abrindo portas para o emprego de novos profissionais, são vistos pelo canto dos olhos, e são obrigados a viver à margem do poder.
Cabe ao poder executivo, entender também que a Lei de Responsabilidade Fiscal, é um dispositivo do governo brasileiro que tenta evitar com que os prefeitos e governadores endividem as cidades e estados mais do que conseguem arrecadar através dos impostos, ou façam dívidas e deixem para os governos seguintes pagarem a conta, como era feito antes da implantação da Lei em 4 de maio de 2000.
Já que as autoridades, por vaidade, criavam e oneravam os cofres públicos com tamanha despesa de obras que não restava caixa para os governantes seguintes fazerem alguma coisa. Daí resulta esse atraso e essa deficiência de mecanismos que dêem à população melhorias da qualidade de serviços com obras de saneamento básico, saúde, educação, e transportes adequados.
O que vemos hoje é a ausência de políticas públicas em vários setores e a estagnação ou sucateamento em setores como a saúde que é um caos em alguns grandes centros urbanos.
Desse modo, só me resta dizer que a liberdade de expressão é o direito de manifestar opiniões livremente. É um conceito basilar nas democracias modernas e nas quais a censura não possui respaldo moral.
O discurso livre também é apoiado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, especificamente no artigo 19, e pelo artigo 10 da Convenção Européia dos Direitos Humanos.
Resta lembrar que a legislação internacional sobre as limitações ao discurso livre devem atender a três princípios básicos: ser baseado na Lei, perseguir um objetivo reconhecido como legítimo e ser necessária à realização desse objetivo.
Finalmente, entre os objetivos considerados legítimos estão a proteção dos direitos e da integridade moral, como a proteção contra a difamação, calúnia ou injúria; a proteção da ordem pública, da segurança nacional, da saúde e do bem comum.
Se for salientar que a ordem pública foi ludibriada, o que dizer de políticos como os de Campos, que usurparam do dinheiro público em benefício e enriquecimento ilícito, deixando milhares de pessoas sem remédios, atendimento público em hospitais, sucateamento dos meios de transporte, ausência de saneamento e rede de esgoto em diversos bairros de Campos?
Um país democrático, só se constrói, quando os nossos governantes entendem que as idéias contrárias são mais importantes como aprendizado e alerta, do que as palavras que transbordam à galanteios de pessoas vazias e fúteis.
* O autor é Bacharel em Comunicação Social com especialização em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia de Campos.

“Não se constrói futuro, apagando a história”

Eu tinha intenção de publicar o texto abaixo logo depois do carnaval desse ano, mas face as circunstâncias e aos acontecimentos não foi possível fazê-lo em tempo. Entretanto aproveitando o momento de um trabalho de Pós-Graduação resolvi escrevê-lo e publicá-lo nessa edição do Jornal O Rebate, que excepcionalmente essa semana terá dois artigos meus.
A frase acima foi utilizada pela G. R. E. S. Viradouro, no carnaval desse ano, como forma de protesto contra a intransigência de entidades representativas de judeus, que ao verem uma reportagem da Rede Globo de Televisão com imagens de um carro alegórico que versava sobre o holocausto na 2ª Guerra Mundial, processaram à escola de samba, e exigiram que a mesma retirasse o carro de seu enredo.
Ao acompanhar a matéria televisiva entendi através do relato do carnavalesco que o referido carro alegórico representava a imagem de um choque, ou de algo que iria causar arrepios à todos aqueles que estivessem na avenida Sapucaí, ou que estivesse assistindo ao desfile através da televisão. O carro em suma fazia parte de um contexto, estava retratado no enredo da escola e a atitude da entidade, causou uma série de transtornos de um trabalho que já vinha sendo preparado há muitos meses.
Mas num desses relances da vida, o carnavalesco foi muito feliz ao modificar o carro, colocando personagens fantasiados de branco, com uma mordaça sobre a boca, como forma de protesto, e duas faixas onde se lia em primeiro plano “Libertas quae sera tamen” e no segundo plano “Não se constrói futuro, apagando a história”.
Curiosamente, os repórteres das organizações Globo, de jornal e televisão deram destaque a frase do primeiro plano e não perceberam que a derradeira resposta do carnavalesco estava sob a segunda frase.
De acordo com Z. S. Harris, “a análise do discurso dá uma multiplicidade de informação”, daí o fato de analisar esse momento do carnaval de 2008, por uma série de detalhes, que muitas vezes perpassam pelo jornalista e pelos leigos que assistem ao espetáculo sem terem a menor noção do fundamento do enredo da escola, achando tudo aquilo uma obra de arte de grande vulto.
Ao estudar a história do carnaval desde os primórdios do tempo, vi que a Igreja Católica, sempre manifestou-se contra essa festa popular cujo princípio era o de comemorar ou de oferecer ao deus Saturno oferendas para que a colheita fosse boa, daí o nome dessas festas terem sido chamadas de Saturnalia. Com o tempo a igreja foi modificando a festa no calendário gregoriano e foi empurrando a data para a frente, até chegar no período que antecede a quaresma da páscoa.
Mas além desse fato, a Igreja também ousou interferir em outras questões relativas a essa festa pagã, como a proibição da utilização de imagens sacras em desfiles carnavalescos. Como recentemente em um desfile da G. R. E. S. Beija-Flor, onde Joãozinho Trinta foi obrigado a encobrir uma imagem do Cristo Redentor com um plástico negro e uma faixa onde se lia: “mesmo proibido, rogai por nós”.
Entretanto, é curioso que os judeus e a entidade israelita só agora tenham tido a coragem de processar e proibir a criação e a veiculação de um carro alegórico com imagens trágicas de uma lembrança que muitos não desejam ver (eles), mas que a maioria da população desconhece, que é o holocausto, e os horrores praticados pelos nazistas.
Estranho é, que até mesmo em qualquer discurso só se define a imagem do holocausto como algo terrível, mas ninguém fala dos constantes massacres de palestinos na Faixa de Gaza, como um holocausto às avessas, quando milicianos judeus ortodoxos projetam-se contra seus vizinhos e irmãos de sangue, apenas como forma de destruir um ao outro, numa batalha sangrenta, cheia de dor, lágrimas e sangue como vem ocorrendo há muitos anos, desde que os Estados Unidos e a ONU, criaram o estado independente de Israel.
Curioso também é o fato de que a poucos meses antes do carnaval, a maior autoridade brasileira, do mundo judaico, o rabino Henri Sobel foi flagrado nos Estados Unidos roubando gravatas, e a entidade como um todo alegou publicamente que não havia sido ele, mas uma pessoa parecida.
O fato apesar de tão distante do carnaval mostra o que Guy Debord já definia ao analisar a mídia como a mídia dos tolos e o rebanho dos imbecis, porque “o discurso da mídia não tem compromisso com a verdade”.
Poucos hão de se lembrar quando em meados da década de 90, do século passado, esse mesmo rabino ao ser entrevistado face a um desfile de neo-nazistas ocorrido em Berlim ele teria dito que “as televisões do mundo inteiro não deveriam mostrar esse tipo de imagem porque isso é uma aberração do ser humano”. Naquela época, eu que sequer sonhava em cursar comunicação me vi indagando, sobre quem é o rabino Henri Sobel, para ditar uma regra ou uma norma para um ou mais canais de televisão?
Por isso quando ouço em sala de aula que Guy Debord, já havia dito que “cada obra de arte, reflete o seu tempo”, compreendo que a própria justiça e muito menos as escolas de samba, apresentem elas o que tema que desejarem, não deveriam ser alvo de processos civis, por causa de uma imagem ou um carro alegórico, porque o que está diante dos nossos olhos é apenas uma representação real de algo que já aconteceu, e do qual todos nós seres humanos e pensantes, deveríamos pensar e refletir sobre os erros do passado para construir um novo futuro, conforme entendimento de uma frase citada por Ruy Barbosa.
Concluindo, se estivesse na comissão julgadora dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, teria dado uma nota de louvor à feliz presença de espírito do carnavalesco que criou a frase do título desse artigo, já que realmente não podemos construir o futuro, apagando as referências do passado. E é estranho que muitos jovens de hoje em dia esqueçam de que para eles existirem houve um momento do passado em que eles foram concebidos, já que ninguém nasce pronto ou adulto.
Diria ainda que, citando o radialista Ricardo Silva, conhecido como o “Príncipe do Samba”, que numa entrevista para o projeto de conclusão de curso de jornalismo, no carnaval de 2007, declarou que “no carnaval, o brasileiro aprende a conhecer o Brasil que ele não conhece”.
* O autor é Bacharel em Comunicação Social com especialização em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia de Campos.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Kaplônica, a verdade desconhecida...

Kaplônica para quem não conhece é uma cidade bem pequena, com poucas ruas, todas elas devidamente calçadas e que agora mais recentemente está passando por um novo processo de asfaltamento de suas ruas. O prefeito da cidade, Kaplôneiro, vem incrementando uma série de medidas com o objetivo de dar ao povo o melhor que pode, com as polpudas verbas que a prefeitura recebe através da extração do Xiplotônio, que é abundante na região. Se bem que, o Xiplotônio, extraído está bem distante de Kaplônica, mas como a cidade fica na mesma região, ela acaba recebendo polpudos benefícios por sua extração, e de vez em quando pela alta do Xiplotônio na Bolsa de Valores.
Entretanto, para os moradores das cidades vizinhas, Kaplôneiro, tem sido visto como um grande administrador, já que todos os recursos recebidos do Xiplotônio tem sido empregado em obras e mais obras já que o turismo é uma ótima fonte de divisas para o município, e a população apesar de simples e pacífica, ainda não possui a capacitação adequada para atender aos inúmeros turistas que por ali passam.
Entretanto, por detrás dos panos, Kaplôneiro, vive um drama, familiar e administrativo, sendo que o último por exemplo ele nem desconfia que está acontecendo.
É que um dos serviços oferecidos ao público, e que é a menina dos olhos de Kaplôneiro, não funciona corretamente, e os moradores de Kaplônica vivem um drama bem parecido com a daquele best-seller de George Orwell, “1984”.
Para quem não conhece a história de 1984, basta dizer que todos os dias, os funcionários lotados no setor de informações são obrigados a mudar a história da cidade, informando novos rumos de uma guerra que não existe, mas que o Controle Absoluto do país deseja que exista apenas na cabeça do povo.
Dessa forma, o Controle Absoluto da Nação, acaba mudando a história de seu país, e o destino de sua gente, a cada minuto. O que é uma verdade agora, já não será daqui a cinco minutos ou no próximo dia, porque será desmentido pelos funcionários do setor de informação.
Além disso, nesse país, ninguém pode insubordinar-se contra os fatos citados pelo Controle Absoluto, com pena de perderem suas cabeças, ou desaparecerem do mapa.
O que acontece em Kaplônica é mais ou menos parecido, e diariamente os moradores se sentem como em 1984, cientes, conscienciosos de que se resolverem botar a boca no trombone podem perder a cabeça e a vida.
E assim Kaplônica mostra aos municípios e ao seu Estado, as suas potencialidades, mas ocultando falhas inerentes ao setor de comunicação, já que Kaploneiro acredita que quanto menos o povo souber, ou for informado melhor para ele, já que assim ele poderá manter o povo de quatro, sob o seu jugo.
Mas como disse acima que Kaploneiro, está vivendo um drama familiar, é bem provável que nessa briga de família, os adversários políticos acabem fazendo a festa, e tomem o poder de Kaplônica, sim porque em Kaplônica existe um movimento reacionário dos Verplenianos que a cada dia vai crescendo, e como Kaploneiro se mostra impassível diante dos fatos, e acredita em tudo o que diz, é bem provável que nas próximas eleições, Kaploneiro, tenha uma bela surpresa, a vitória dos Verplenianos.

O autor é Bacharel em Comunicação Social, com especialização em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia de Campos.